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pinturas do paraíso

Pinturas do Paraíso

Celso Martins
Expresso
Novembro de 2002

Depois de aproximações à pintura de Seurat e Giotto, Domingos Rego continua a problematizar a herança da história da arte. Nesta exposição o artista convoca a memória de pinturas que de algum modo se relacionam com a ideia de paraíso.

Quadros de Bosch, Gauguin, Fra Angelico, Ticiano, Watteau, são alguns dos pontos de partida (mas apenas pontos de partida tomados irreconhecíveis) para um trabalho que excede o sentido de uma reinterpretação.

Domingos Rego não convoca a «maneira» desses pintores, antes absorve certos elementos formais dissolvendo-os numa ideia de paraíso enraizada nas obsessões contemporâneas (o voyeurismo, o brilho artificial da publicidade, a omnipresença da sexualidade). Daqui resulta uma pintura vigorosa habitada por vários registos e técnicas que estabelecem planos diferenciados em cada cena e enriquecem o seu potencial narrativo. Alcança assim um difícil equilíbrio: produzir uma pintura capaz de utilizar informações do passado sem se deixar arrastar para o pastiche ou para a legitimação através da história.

crítica
 
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